D. SebastiãoD. Sebastião, “O Desejado”, nasceu a 20 de Janeiro de 1554, em Lisboa, tendo desaparecido em Alcácer Quibir, em 4 de Agosto de 1578. Foi o 16º rei de Portugal, tendo o seu reinado tido início a 16 de Junho de 1557, quando contava apenas 3 anos.

Sucedeu ao avô D. João III, num dramático contexto político, uma vez que nasceu 18 dias depois de o seu pai, D. João (Príncipe de saúde frágil, derradeiro sobrevivente dos 9 filhos de D. João III), ter falecido, apenas com 17 anos de idade. Representava, nesse momento, e depois de um período em que o país estivera em suspenso, a miraculosa garantia da manutenção da coroa na posse de portugueses, obviando então às pretensões castelhanas à sucessão.

Com a partida da mãe, D. Joana de Áustria, para Castela, menos de 4 meses decorridos (por imposição de Carlos V, na sequência de cláusula contratual do seu casamento com o Príncipe D. João), permanentemente adulado e mimado, padecendo também de enfermidade, traduzida em desmaios e tonturas, a sua personalidade assumiria contornos caprichosos, com um vincado egocentrismo.

Coroado Rei de Portugal aos 3 anos, foi designada Regente a sua avó, D. Catarina (viúva de D. João III), a qual, acusada de colaboracionista com Castela, abdicaria do cargo em 1562, sendo substituída pelo Cardeal D. Henrique (tio-avô de D. Sebastião, irmão de D. João III), que assumiu a Regência até que o herdeiro completasse 14 anos, a 20 de Janeiro de 1568.

Tendo beneficiado de uma esmerada educação, com os melhores mestres da época (jesuítas), viria a distanciar-se dos estudos assim que assumiu o governo do reino, em 1568, dedicando-se às caçadas.

Não obstante a sua imaturidade, introduziria, no decurso do seu reinado, várias reformas administrativas, legislativas e sociais, a par de continuar a expansão em África e em Ásia.

Possivelmente influenciado na governação pelos seus conselheiros, em particular os irmãos Luís e Martim Gonçalves da Câmara, privilegiaria uma obsessiva orientação pela conquista do Norte de África, em busca de auto-afirmação.

Nunca aceitando qualquer das presumidas candidatas a noiva, manteria o celibato (sem descendência) até à fatídica expedição que lhe tiraria a vida. Partindo para Marrocos rodeado de toda a nobreza, de forma precipitada, com tropas mal preparadas e sem coordenação nem liderança adequadas, o desastre viria abrir novamente a questão da sucessão, na mais grave crise dinástica da História da Monarquia Portuguesa.

Não obstante o seu corpo ter sido reconhecido e sepultado em África – notícia que foi conhecida no Reino a 24 de Agosto de 1578 – (tendo vindo a ser trasladado para Portugal em 1582, onde repousa em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos), o messiânico mito do sebastianismo perduraria por longos anos.

(Imagem via Wikipédia)

Bibliografia consultada

“História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004

– “D. Sebastião”, por Maria Augusta Lima Cruz, colecção Reis de Portugal, edição do Círculo de Leitores, em colaboração com o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, 2006