Pedro Álvares CabralPedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, por volta de 1467-1468, sendo o nono filho de Fernão Cabral (alcaide-mor de Belmonte) e de D. Isabel de Gouveia; tendo falecido em Santarém, a 1519 ou 1520.

Embora não beneficiasse das honrarias (donatarias e senhorios) acordadas ao filho primogénito, cedo ingressou como moço fidalgo na corte de D. João II (1478), onde recebeu educação própria da sua condição social, incluindo a instrução literária, assim como o uso de armas.

Viria posteriormente a prestar serviço numa praça do Norte de África, após o que, ainda jovem, casaria com Isabel de Castro, sobrinha do que viria a ser o maior governante da Índia, Afonso de Albuquerque.

Após o regresso de Vasco da Gama da Índia no Outono de 1499, dando conta ao rei das dificuldades em comerciar com os povos orientais, em Fevereiro de 1500 D. Manuel nomeia Pedro Álvares Cabral capitão-mor de uma armada de 13 navios, para uma segunda expedição à Índia, tendo por objectivo estabelecer relações de amizade e alianças de comércio com o Samorim de Calecut, de forma a assegurar o domínio exclusivo da “Rota do Cabo” (comércio de especiarias orientais), por via do estabelecimento permanente no território, tendo ainda presente a intenção de difundir a fé cristã entre os povos do Oriente.

Partindo de Lisboa a 9 de Março de 1500, alargando a rota para Sudoeste, pelo Atlântico Sul, num “desvio” de quase um mês, talvez ainda mais impulsionado para Oeste pelos fortes ventos alísios, que, dois dias depois da Páscoa, a 21 de Abril – não sendo definitivo se por mero acaso, ou se em resultado de uma iniciativa intencional pré-determinada de exploração de novas terras (nomeadamente na sequência do Tratato de Tordesilhas) –, se avista grande quantidade de algas no mar. No dia seguinte, vêem-se aves no céu, indiciando a proximidade de terra firme. Quando, horas depois, nesse dia de 22 de Abril, a terra é avistada, é dado o nome de Monte Pascoal a uma elevação, chamando-se à terra, “Terra de Vera Cruz”.

A expedição de Pedro Álvares Cabral achava o Brasil, de que viria a fazer um reconhecimento sumário (uma permanência de apenas cerca de 10 dias, na actual Baía Cabrália, na costa da Bahia), com a “notícia do achamento” a ser descrita na célebre carta de Pêro Vaz de Caminha. Prosseguiria, pouco depois, a viagem para a Índia, onde contribuiria para estabelecer as bases do Império português.

Contudo, durante o percurso até à Índia, a armada perderia cinco navios devido a uma tormenta ao largo do cabo da Boa Esperança: quatro deles naufragaram, tendo perecido todos os tripulantes, incluindo Bartolomeu Dias, o primeiro a ter realizado o feito de “dobrar” esse cabo (em 1487); enquanto que uma nau se afastou, apenas se vindo a juntar novamente a Pedro Álvares Cabral em Cabo Verde, já aquando do regresso. Depois de se deter algumas vezes na costa leste de África (em Sofala, Moçambique e Melinde), apenas seis naus avistariam Calecut, a 13 de Setembro de 1500.

Regressando a Lisboa com menos de metade da frota com que partira, a sua missão seria considerada, na época, como mal sucedida, em particular pela incapacidade em submeter o Samorim de Calecut.

No ano seguinte, chegou a ser escolhido para comando da expedição no regresso à Índia, o que não se viria contudo a concretizar, vindo a ser substituído por Vasco da Gama.

A futura evolução do Brasil (só a partir de cerca de 1530 a Terra de Santa Cruz começaria a ser colonizada e, apenas em 1540, adquiria o seu nome definitivo) creditar-lhe-ia um papel de relevo na História de Portugal, não obstante o esquecimento a que se viu votado, ainda em vida, logo desde 1502, retirando-se da corte, fixando-se próximo de Santarém, onde viria a falecer, tendo entretanto sido agraciado com a comenda da Ordem de Cristo.

(Imagem via http://www.geocities.com/martinsbarata/selos/selos.htm)

Bibliografia consultada

“História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004

Página da Câmara Municipal de Belmonte

– “Vidas Lusófonas” (Fernando Correia da Silva)