D. João IIID. João III, o “Piedoso”, nasceu em Lisboa a 6 (ou 7) de Junho de 1502, cidade onde viria a falecer a 11 de Junho de 1557. Foi o 15º Rei de Portugal, com um dos mais longos reinados da história portuguesa, desde final de 1521 a 1557.

Era o segundo filho de D. Manuel I (primeiro do casamento com D. Maria), tendo o seu nascimento sido celebrado com a representação do Auto da Visitação, de Gil Vicente.

Teve por mestres de letras Álvaro Rodrigues, Martim Afonso, D. Diogo Ortiz de Vilhegas e Luís Teixeira, iniciando-se nas humanidades gregas e latinas, adquirindo o gosto pelas letras, vindo posteriormente a implementar medidas de promoção da cultura, apoiando o teatro e a poesia na Corte, protegendo figuras distintas como Gil Vicente, Garcia de Resende, Damião de Góis, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, André de Resende, João de Barros, Pedro Nunes, António de Holanda e Luís de Camões.

Já Rei, viria a introduzir em Portugal o Tribunal do Santo Ofício, vulgarmente conhecido por Inquisição (tutelada e autorizada pelo papa em 1536), o que o tornaria num dos mais controversos monarcas portugueses, inclusivamente “mal-amado” – num contexto em que, com os ideias da reforma protestante a proliferar na Europa, se visava primeiramente reprimir as heresias e os ataques à fé católica.

Mas o seu reinado seria também marcado por importantes avanços na expansão ultramarina, dando continuidade ao apogeu registado no reinado do seu pai, por via do fortalecimento das posições portuguesas na Índia e da consolidação do monopólio das especiarias, com o domínio português a estender-se até ao Japão e a China, tendo obtido desta, em 1537, o porto de Macau; por outro lado, decidiu-se pelo abandono de praças africanas de Marrocos (Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila), dedicando especial atenção à exploração do Brasil, enviando Martim Afonso para proceder ao reconhecimento do território, autorizando-o a criar capitanias, mandando-as povoar.

Com a criação da Companhia de Jesus e a vinda de jesuítas para Portugal, organizou campanhas de evangelização no Brasil, África e no Oriente.

Ao mesmo tempo, reforçava a política absolutista, procurando também reestruturar a vida administrativa e judicial. Instalaria também, definitivamente, a Universidade em Coimbra.

Os sintomas de crise que haviam começado a revelar-se no final do reinado do seu antecessor, D. Manuel I, agravar-se-iam no decurso do seu domínio, com o acentuar das dificuldades económicas e uma vaga de epidemias.

Não tendo nenhum dos seus 9 filhos sobrevivido ao pai, ao falecer, colocava-se a questão da sucessão dinástica; seria então o seu neto, D. Sebastião, de 3 anos de idade, a herdar o trono de Portugal.

(Imagem via Wikipédia)

Bibliografia consultada

“História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004

– “D. João III”, por Ana Isabel Buescu, colecção Reis de Portugal, edição do Círculo de Leitores, em colaboração com o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, 2005