Agosto 2007


Cartógrafo (1520 ou 1521 – 1576). Nascido no seio de uma família de cartógrafos (Lopo Homem, pai, e André Homem, irmão), em consequência de um homicídio, foi condenado ao degredo. Não voltou a regressar a Portugal, tendo começado por residir em Inglaterra em depois, em Itália. As suas obras cartográficas, que se conservam, fê-las entre 1557 e 1576 e encontram-se no Museu Britânico, na Biblioteca Nacional de Paris e na Biblioteca Vittorio Emanuele, em Roma. O seu atlas de 1558 fornece várias noções cosmográficas e um outro, que se encontra em Paris, apresenta o Japão de uma forma bastante mais realística do que até então tinha sido representado.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Aos 31 de Agosto en domingo tomey o sol e fiquey em 5 graos menos (?). O vento foi sueste fresco ora mais ora menos, a proa ao nordeste, eu dey a nao o caminho da quarta do norte por respeito da agulha, andou a nao 20 legoas, acho que anda muito pouco pera o vento que ventou, e o mar arepia muito ao vento e ao sul, e alguns rilheiros d’agoa que devem de ir avante com esta conjunção da agoa de quebra que nos empede o caminho. Oje se fez o vento susudueste e com huns chuveyros que se armarão dos çeos groços ao sueste, tornou la o vento e he esta tarde sueste. Fico oje dos Baixos do Patrão 35 legoas e de Pemba 85 legoas; alguns alcatrases pardos, a agoa mostra alguma cousa d’esbranqueisada. Oje mandou a nao do trato o batel duas veses a nao capitanya e por amor della vamos oje todo dia sem vellas da gavea. Dey nos Nosso Senhor boa viagem e a Virgem do Rosario Madre de Deos.

(via “Uma Viagem Redonda da Carreira da Índia (1597-1598)”, de Joaquim Rebelo Vaz Monteiro, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1985)

Cartógrafo (século XVI). Filho de Lopo Homem e irmão de Diogo Homem, ambos cartógrafos, andou fugido da Justiça, tendo, como tal, vivido em Paris, Londres e Bilbau. Chegou a ser cosmógrafo do rei de França, Francisco I, e criou, em 1559, um planisfério decorativo com iluminuras, que se encontra à guarda da Biblioteca Nacional de Paris. Depois de 1586, pouco de conhece da sua actividade.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Aos 30 do mes en sabado tomey o sol e fiquey em 5 graos e 3/4 largos. O vento foi sueste, ora tomava de leste ora do sul, a proa foi ao nordeste. Eu dey a nao o caminho da quarta do norte e parte a mea partida, por respeito d’agulha que noroestea huma quarta boa e mais pello abatimento da nao e aribadas. Andou a nao 27 legoas. O vento foi fresco, eu não sinto ajuda as agoas hirem en noso favor, o vento esta esta tarde oeste e ha muitos çeos groços como novelos de lão ao suste muito recochados, e se armão alguns augaceiros de pouca augoa. Aparesem alguns alcatras e alguns rabo de junquo, a nao do trato apareceo oje por nossa proa. Dey nos Nosso Senhor boa viagem e a Virgem do Rozario Madre de Deos.

(via “Uma Viagem Redonda da Carreira da Índia (1597-1598)”, de Joaquim Rebelo Vaz Monteiro, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1985)

Governador da Índia (século XVIII), entre 1779 e 1786. A sua política impôs-se pelo aspecto militar, embora as condições financeiras do Tesouro não fossem as melhores. Chegou a contrair dívidas com o poeta Bocage e também resolver restabelecer o Tribunal da Inquisição, o que lhe valeu fortes críticas. Determinou ainda que o túmulo de S. Francisco Xavier fosse ponto de veneração.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Aos 29 do mes en sesta feira tomey o sol e fiquey em 7 graos e 1/5. O vento foi leste e tomava as veses do sueste, a proa ao nornordeste, e ventou fresco. Eu dey a nao o caminho ao norte e quarta de nordeste, andou a nao 25 legoas. O vento esta tarde se fez sueste e toma do sul e esta bonança, vou governando ao nordeste. Oje apareseo hum grande bando de rabos forçados e algumas garaginas, e cantão de noite. Dey nos Noso Senhor boa viagem e a Virgem Madre de Deos.

(via “Uma Viagem Redonda da Carreira da Índia (1597-1598)”, de Joaquim Rebelo Vaz Monteiro, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1985)

Rota

(Imagem via Wikipédia)

A 29 de Agosto de 1498 Vasco da Gama iniciava a viagem de regresso a Lisboa, partindo de Calecute, na sequência da expedição pioneira à Índia.

Depois de 17 dias de navegação, chegaria aos Ilhéus de Santa Maria a 15 de Setembro, aportando na ilha de Angediva (na costa do Malabar, ainda na Índia) cinco dias depois, onde faria escala durante 15 dias, para reparar os navios, aguardando a chegada de ventos favoráveis.

Partindo de Angediva a 5 de Outubro de 1498, chegaria a Melinde (cidade no Quénia, na costa do Índico, a norte de Mombaça) a 7 de Janeiro de 1499, após 94 dias de viagem, aí fazendo nova escala de 4 dias.

Regressando ao mar a 11 de Janeiro, viajaria apenas durante dois dias, até aos baixios de São Rafael (designação atribuída em homenagem ao local em que a nau S. Rafael, incapaz de navegar após ter naufragado, viria a ser queimada), aí fazendo nova pausa de 14 dias.

A viagem seria retomada a 27 de Janeiro, para mais cinco dias de navegação, até São Jorge, onde a frota aportaria durante 1 dia.

A escala seguinte ocorreria de 3 a 12 de Março, em São Brás, sendo o Cabo da Boa Esperança atingido a 20 de Março.

Após mais 35 dias de navegação, seria atingido o Rio Grande (Geba) a 25 de Abril de 1499, para, na sequência de uma última etapa, a caravela Bérrio, comandada por Nicolau Coelho, avistar finalmente a Lisboa, a 10 de Julho de 1499.

Vasco da Gama, entretanto retido nos Açores, dando assistência ao seu irmão Paulo da Gama (que aí viria a falecer, vítima de doença), aportaria a Lisboa a 29 de Agosto de 1499, exactamente um ano após ter partido, completam-se hoje precisamente 508 anos.

Cavaleiro (século XVI?). Serviu no Exército em Tânger, onde demonstrou as suas qualidades como cavaleiro. Viria a entrar vitorioso em Pacém, na ilha de Samatra, passando a comandar a fortaleza, em Maio de 1522. Porém, acabou por não gerir estas novas funções da melhor maneira, pois importou-se mais com a sua necessidade de enriquecer do que com as lutas que se travavam na ilha de Samatra. Em consequência ficou cercado e, depois de reunir com “os homens de qualidade”, decidiu abandonar a ilha, deitando fogo à fortaleza.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Aos 28 do mes en quinta feira tomey o sol e fiquey en 8 graos e 1/2. O vento foi leste e mais desta sangradura foi a proa ao norte e quarta de nordeste e ao nordeste, e ontem ao sair da lua, como a noite entrou, se armou a leste hua trovoada çequa nuns çeos grosços que ahy estavão a tarde e veo com muito vento que nos fez tomar as vellas da gavea e sevadeira, e seguramos a verga grande por a nao não agardar nella porque toda hia debaixo do mar com a muita carga que leva em boca, desceramos o mylho e agoa e não ha remedear esta falta nem que faça diligencia mais que quando se ven en aperto e pasado loguo esquese. Eu acho que a nao que anda muito pouco tendo o vento muito rijo, que hera vento de mais de 30 legoas, e ella não anda mais que 18 legoas; eu lhe dey o caminho ao norte e quarta, e deve de ser agoas que vão do nordeste ao sul e susudueste e nos empede o andar com esta conjunção de cabeça d’agoa de lua chea que foi ontem. Garaginas e alcatrases e hum rabo de junquo e outro rabo forçado. Dey nos Noso Senhor boa viagem e a Virgem do Remedio Madre de Deos.

(via “Uma Viagem Redonda da Carreira da Índia (1597-1598)”, de Joaquim Rebelo Vaz Monteiro, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1985)

Marinheiro inglês (Plymouth, 1532 – ao largo de Porto Rico, 1595). Quis quebrar a hegemonia do comércio ibérico a nível ultramarino para dar maior liberdade de navegação a Inglaterra. Entrou na Guiné e ameaçou as possessões portuguesas no Atlântico. Para além das questões comerciais e de navegação, o nome deste inglês está de alguma forma ligado ao facto de se ter associado à causa de D. António, prior do Crato, quando este se refugiou em Inglaterra. É tido como o primeiro inglês que se dedicou ao tráfico negreiro entre África e as colónias americanas.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

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