Outubro 2007


Este título pertenceu a duas famílias: aos Noronhas e aos Sousas Coutinhos. Foi primeiro conde, na sua família, D. António de Noronha (1464-1551), alcaide-mor de Linhares e governador de Ceuta. O título foi-lhe concedido por D. João III, através de carta datada de 13 de Maio de 1532.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Canto V

24

“Mas já o Planeta que no céu primeiro
Habita, cinco vezes apressada,
Agora meio rosto, agora inteiro
Mostrara, enquanto o mar cortava a armada,
Quando da etérea gávea um marinheiro,
Pronto coa vista, “Terra! Terra!” brada.
Salta no bordo alvoroçada a gente
Co’os olhos no horizonte do Oriente.

25

“A maneira de nuvens se começam
A descobrir os montes que enxergamos;
As âncoras pesadas se adereçam;
As velas, já chegados, amainamos.
E para que mais certas se conheçam
As partes tão remotas onde estamos,.
Pelo novo instrumento do Astrolábio,
Invenção de subtil juízo e sábio,

26

“Desembarcamos logo na espaçosa,
Parte, por onde a gente se espalhou,
De ver eousas estranhas desejosa
Da terra que outro povo não pisou;
Porém eu co’os pilotos na arenosa
Praia, por vermos em que parte estou,
Me detenho em tomar do Sol a altura
E compassar a universal pintura.

(“Os Lusíadas”, Luís de Camões)

Político (século XVI). Dirigiu, em 1519, a embaixada ao reino de Preste João, que levou como secretário o padre Francisco Álvares. Integrou o grupo de validos que, solicitado por D. João III, deu o seu parecer desfavorável, em 1534, ao abandono das praças de Safim e Azamor.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Canto V

14

“Já descoberto tínhamos diante,
Lá no novo Hemisfério, nova estrela,
Não vista de outra gente, que ignorante
Alguns tempos esteve incerta dela.
Vimos a parte menos rutilante,
E, por falta de estrelas, menos bela,
Do Pólo fixo, onde ainda se não sabe
Que outra terra comece, ou mar acabe.

15

“Assim passando aquelas regiões
Por onde duas vezes passa Apolo,
Dois invernos fazendo e dois verões,
Enquanto corre dum ao outro Pólo,
Por calmas, por tormentas e opressões,
Que sempre f az no mar o irado Eolo,
Vimos as Ursas, apesar de Juno,
Banharem-se nas águas de Netuno.

16

“Contar-te longamente as perigosas
Coisas do mar, que os homens não entendem:
Súbitas trovoadas temerosas,
Relâmpados que o ar em fogo acendem,
Negros chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos de trovões que o mundo fendem,
Não menos é trabalho, que grande erro,
Ainda que tivesse a voz de ferro.

17

“Os casos vi que os rudos marinheiros,
Que têm por mestra a longa experiência,
Contam por certos sempre e verdadeiros,
Julgando as cousas só pela aparência,
E que os que têm juízos mais inteiros,
Que só por puro engenho e por ciência,
Vêem do mundo os segredos escondidos,
Julgam por falsos, ou mal entendidos.

(“Os Lusíadas”, Luís de Camões)

Piloto de carreira da Índia, poucos são os registos da sua vida. Sabe-se apenas que ia no galeão S. João, na armada que transportou para a Índia o vice-rei Afonso de Noronha.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Canto V

10

“Por aqui rodeando a larga parte
De África, que ficava ao Oriente,
A província Jalofo, que reparte
Por diversas nações a negra gente;
A mui grande Mandinga, por cuja arte
Logramos o metal rico e luzente,
Que do curvo Gambeia as águas bebe,
As quais o largo Atlântico recebe.

11

“As Dórcadas passamos, povoadas
Das Irmãs, que outro tempo ali viviam,
Que de vista total sendo privadas,
Todas três dum só olho se serviam.
Tu só, tu, cujas tranças encrespadas
Netuno lá nas águas acendiam,
Tornada já de todas a mais feia,
De bívoras encheste a ardente areia.

12

“Sempre enfim para o Austro a aguda proa
No grandíssimo gólfão nos metemos,
Deixando a serra aspérrima Leoa,
Co’o cabo a quem das Palmas nome demos.
O grande rio, onde batendo soa
O mar nas praias notas que ali temos,
Ficou, com a Ilha ilustre que tomou
O nome dum que o lado a Deus tocou.

13

“Ali o mui grande reino está de Congo,
Por nós já convertido à fé de Cristo,
Por onde o Zaire passa, claro e longo,
Rio pelos antigos nunca visto.
Por este largo mar enfim me alongo
Do conhecido pólo de Calisto,
Tendo o término ardente já passado,
Onde o meio do mundo é limitado.

(“Os Lusíadas”, Luís de Camões)

A vinte e sete dias do mês de Outubro, vésperas de S. Simão e [de São] Judas, que era sexta-feira, achámos baleias, e umas que se chamam cocas, e lobos-marinhos.

(via “História e Antologia da Literatura Portuguesa – Século XVI – Literatura de Viagens – II” – Fundação Calouste Gulbenkian, Boletim nº 23, Dezembro de 2002 – a partir de “Relação da Primeira Viagem de Vasco da Gama (1497-1499)”, introd. e notas de Luís de Albuquerque, Lisboa, CNCDP/ME, 1989)

Governador de Calecute (século XVI). Durante todo o Inverno de 1525 resistiu ao cerco da fortaleza de Calecute. Considerado um homem valente, recebeu ajuda de diversos pontos da Índia. O inimigo acabou por ceder e levantar o cerco.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Canto V

7

“Passamos o limite aonde chega
O Sol, que para o Norte os carros guia,
Onde jazem os povos a quem nega
O filho de Climene a cor do dia.
Aqui gentes estranhas lava e rega
Do negro Sanagá a corrente fria,
Onde o Cabo Arsinário o nome perde,
Chamando-se dos nossos Cabo Verde.

8

“Passadas tendo já as Canárias ilhas,
Que tiveram por nome Fortunadas,
Entramos, navegando, pelas filhas
Do velho Hespério, Hespérides chamadas;
Terras por onde novas maravilhas
Andaram vendo já nossas armadas.
Ali tomamos porto com bom vento,
Por tomarmos da terra mantimento.

9

“Aquela ilha apartamos, que tomou
O nome do guerreiro Santiago,
Santo que os Espanhóis tanto ajudou
A fazerem nos Mouros bravo estrago.
Daqui, tanto que Bóreas nos ventou,
Tornamos a cortar o imenso lago
Do salgado Oceano, e assim deixamos
A terra onde o refresco doce achamos.

(“Os Lusíadas”, Luís de Camões)

Rainha de Portugal (Beja, 2 de Maio de 1458 – Lisboa, 17 de Novembro de 1525) de 1481 a 1495. Era filha dos infantes D. Fernando (irmão de D. Afonso V) e D. Brites (neta de D. João I). Casou, a 22 de Janeiro de 1471, com o futuro D. João II, seu primo e de quem foi companheira praticamente ao longo de toda a vida. Manteve um silencioso sofrimento quando D. João II se insurgiu contra a nobreza e assassinou o seu irmão, D. Diogo, duque de Viseu. Opôs-se, contudo, firmemente a que o bastardo D. Jorge herdasse o trono, assegurando assim a coroa ao irmão D. Manuel. Nos últimos meses do reinado de D. João II, o casal passou por grandes desentendimentos, a ponto de a rainha não assistir ao marido, quando este se encontrava no leito da morte. Com a subida de D. Manuel ao trono, a rainha, que era apegada aos bens materiais, foi bastante beneficiada, tendo visto as suas rendas aumentadas. Promoveu a hidroterapia (Hospital Termal das Caldas da Rainha), ordenou a criação das misericórdias, custeou a edição da Vita Christi, protegeu Gil Vicente e fundou conventos como o da Madre de Deus e o da Anunciada. A ela poder-se-á também dever a obra das Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha. Foi sepultada no Convento da Madre de Deus.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

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