Novembro 2007
Monthly Archive
30 Novembro 2007
Posted by Leonel Vicente under
Protagonistas
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Marinheiro genovês (século XIV). Descobriu ao serviço de Portugal, por volta do ano de 1336, uma ilha das Canárias que viria a ficar conhecida como Lanzarote. Almirante da frota portuguesa entre 1365 e 1367, como vassalo português, teve a seu cargo esta ilha e Gomera, até ser morto nas Canárias.
(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)
30 Novembro 2007
Canto V
77
“Pela Arábica língua, que mal falam,
E que Fernão Martins muito bem entende,
Dizem que por naus, que em grandeza igualam
As nossas, o seu mar se corta e fende;
Mas que lá donde sai o Sol, se abalam
Para onde a costa ao Sul se alarga e estende,
E do Sul para o Sol, terra onde havia
Gente, assim como nós, da cor do dia.
78
“Muito grandemente aqui nos alegramos
Com a gente, e com as novas muito mais:
Pelos sinais que neste rio achamos
O nome lhe ficou dos Bons Sinais.
Um padrão nesta terra alevantamos,
Que, para assinalar lugares tais,
Trazia alguns; o nome tem do belo
Guiador de Tobias a Gabelo.
79
“Aqui de limos, cascas e d’ostrinhos,
Nojosa criação das águas fundas,
Alimpamos as naus, que dos caminhos
Longos do mar, vêm sórdidas e imundas.
Dos hóspedes que tínhamos vizinhos,
Com mostras aprazíveis e jocundas,
louvemos sempre o usado mantimento,
Limpos de todo o falso pensamento.
80
“Mas não foi, da esperança grande e imensa
Que nesta terra houvemos, limpa e pura
A alegria; mas logo a recompensa
A Ramnúsia com nova desventura.
Assim no céu sereno se dispensa:
Com esta condição pesada e dura
Nascemos: o pesar terá firmeza,
Mas o bem logo muda a natureza.
(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)
29 Novembro 2007
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Protagonistas
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Cartógrafo maiorquino (1360?-?). Veio para Portugal a pedido do infante D. Henrique, para ensinar a sua arte, aquando do início das viagens atlânticas, em que se tornou necessário acrescentar as costas africanas nas cartas de origem mediterrânica. Consta-se que também terá vindo para ensinar a construir instrumentos para a navegação de alturas, astrolábios e quadrantes.
(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)
29 Novembro 2007
Canto V
74
“Esta passada, logo o leve leme
Encomendado ao sacro Nicolau,
Para onde o mar na costa brada e geme,
A proa inclina duma e doutra nau;
Quando indo o coração que espera e teme
E que tanto fiou dum fraco pau
Do que esperava já desesperado,
Foi duma novidade alvoroçado
75
“E foi que, estando já da costa perto,
Onde as praias e vales bem se viam,
Num rio, que ali sai ao mar aberto,
Batéis à vela entravam e saíam.
Alegria muito grande foi por certo
Acharmos já pessoas que sabiam
Navegar, porque entre elas esperamos
De achar novas algumas, como achamos.
76
“Etíopes são todos, mas parece
Que com gente melhor comunicavam;
Palavra alguma Arábia se conhece
Entre a linguagem sua que falavam;
E com pano delgado, que se tece
De algodão, as cabeças apertavam;
Com outro, que de tinta azul se tinge,
Cada um as vergonhosas partes cinge.
(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)
28 Novembro 2007
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Protagonistas
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Militar (séculos XVII e XVIII). Foi oficial da Armada e combatente no ultramar português. Como capitão-de-mar-e-guerra foi encarregue, em 1722, de desalojar os ingleses que haviam construído uma feitoria e uma fortaleza em Cabinda (Angola), tentando alargar os seus domínios a norte do rio Zaire. Saiu de Lisboa em 1723, rumo a Cabinda, tendo regressado, nesse mesmo ano, após ter destruído as naus que defendiam a fortaleza. Na viagem de regresso aniquilou ainda uma fragata holandesa que havia atacado as embarcações portuguesas no golfo da Guiné.
(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)
28 Novembro 2007
Canto V
71
“Corrupto já e danado o mantimento,
Danoso e mau ao fraco corpo humano,
E além disso nenhum contentamento,
Que sequer da esperança fosse engano.
Crês tu que, se este nosso ajuntamento
De soldados não fora Lusitano,
Que durara ele tanto obediente
Por ventura a seu Rei e a seu regente?
72
“Crês tu que já não foram levantados
Contra seu Capitão, se os resistira,
Fazendo-se piratas, obrigados
De desesperação, de fome, de ira?
Grandemente, por certo, estão provados,
Pois que nenhum trabalho grande os tira
Daquela Portuguesa alta excelência
De lealdade firme, e obediência.
73
“Deixando o porto enfim do doce rio
E tornando a cortar a água salgada,
Fizemos desta costa algum desvio,
Deitando para o pego toda a armada;
Porque, ventando Noto manso e frio,
Não nos apanhasse a água da enseada,
Que a costa faz ali daquela banda
Donde a rica Sofala o ouro manda.
(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)
27 Novembro 2007
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Protagonistas
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Militar (Índia, 1635-1703). Desde cedo ficou conhecido como combatente destemido pelas suas lutas com os holandeses, em defesa dos domínios portugueses, no Oriente. No ano de 1660 veio para o reino e alistou-se no Exército, que travava lutas de resistência no Alentejo, contra as investidas espanholas, tendo sido promovido a capitão de infantaria de linha, pelos bons serviços prestados. Antes de falecer ainda regressou à Índia, mas voltou para Portugal, onde viveu até ao fim dos seus dias com o título de fidalgo da casa real.
(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)
27 Novembro 2007
Canto V
67
“Era maior a força em demasia,
Segundo para trás nos obrigava,
Do mar, que contra nós ali corria,
Que por nós a do vento que assoprava.
Injuriado Noto da porfia
Em que colo mar (parece) tanto estava,
Os assopros esforça iradamente,
Com que nos fez vencer a grão corrente.
68
“Trazia o Sol o dia celebrado,
Em que três Reis das partes do Oriento
Foram buscar um Rei de pouco nado,
No qual Rei outros três há juntamente.
Neste dia outro porto foi tomado
Por nós, da mesma já contada gente,
Num largo rio, ao qual o no e demos
Do dia, em que por ele nos metemos.
69
“Desta gente refresco algum tomamos,
E do rio fresca água; mas contudo
Nenhum sinal aqui da Índia achamos
No Povo, com nós outros quase mudo.
Ora vê, Rei, que tamanha terra andamos,
Sem sair nunca deste povo rudo,
Sem vermos nunca nova nem sinal
Da desejada parte Oriental.
70
“Ora imagina agora coitados
Andaríamos todos, perdidos,
De fomes, de tormentas quebrantados,
Por climas e por mares não sabidos,
E do esperar comprido tão cansados,
Quanto a desesperar já compelidos,
Por céus não naturais, de qualidade
Inimiga de nossa humanidade.
(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)
26 Novembro 2007
Missionário (Pedrógão Grande, 1610 – Pequim, 1677). Embarcou, como jesuíta, para o Oriente em 1634. Missionário no sul da China (1640), foi torturado, preso e condenado à morte. Enviado para Pequim como prisioneiro em 1648, lá permaneceu até ao fim dos seus dias. Libertado pelo imperador K’ang-Hi, tornou-se célebre pelos serviços que prestou a Macau na guerra do pirata Coxinga (1662-1669), e à Corte chinesa, que o utilizou no Tribunal das Matemáticas e para o qual construiu autómatos. Publicou obras como Doze Excelências da China e Carta Escrita de Pequim em Que Se Relata a Perseguição Sucedida desde o ano de 1644.
(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)
26 Novembro 2007
Canto V
64
“Estes, como na vista prazenteiros
Fossem, humanamente nos trataram,
Trazendo-nos galinhas e carneiros,
A troco doutras peças, que levaram.
Mas como nunca enfim meus companheiros
Palavra sua alguma lhe alcançaram
Que desse algum sinal do que buscamos,
As velas dando, as âncoras levamos.
65
“Já aqui tínhamos dado um grã rodeio
A costa negra de África, e tornava
A proa a demandar o ardente meio
Do Céu, e o pólo Antarctico ficava:
Aquele ilhéu deixamos, onde veio
Outra armada primeira, que buscava
O Tormentório cabo, e descoberto,
Naquele ilhéu fez seu limite certo.
66
Daqui fomos cortando muitos dias
Entre tormentas tristes e bonanças,
No largo mar fazendo novas vias,
Só conduzidos de árduas esperanças.
Colo mar um tempo andamos em porfias,
Que, como tudo nele são mudanças.
Corrente nele achamos tão possante
Que passar não deixava por diante.
(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)
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