Janeiro 2008


Capitão de Alcácer Ceguer (Lisboa, 1414 – Marrocos, 1464), foi armado cavaleiro aos 13 anos. Em 1458 participou na conquista de Alcácer Ceguer, cujo governo e defesa lhe foram confiados. Em 1464, já como conde de Viana, acompanhou D. Afonso V, que teimou em aventurar-se na expedição à serra de Benacofu. Surpreendidos por aguerrida defesa, cobriu a retirada do monarca, mas perdeu a vida.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Em 1481, já como rei, D. João II mandaria construir a Fortaleza de São Jorge da Mina (Elmina), na Costa do Ouro, próximo de Acra, no actual Gana (cuja construção foi concluída em 1482), que seria dirigida por Diogo de Azambuja, no que viria a converter-se no primeiro grande entreposto de escravos, ao mesmo tempo que garantia uma base naval de defesa do monopólio do comércio africano.

Esta iniciativa integrava-se num plano mais vasto, compreendendo: (i) a dinamização das viagens oceânicas de reconhecimento; (ii) a criação da Junta dos Matemáticos ou Junta dos Cosmógrafos; (iii) a disseminação de uma rede de espiões, por várias cortes europeias e na região muçulmana; a par de (iv) uma política de sigilo.

A incessante e quase obsessiva procura do “Preste João” intensificava-se então, com sucessivas expedições de reconhecimento, por terra e por mar, surgindo então fortemente associada à busca das especiarias asiáticas (destacando-se, de entre todas, a pimenta, artigo de fundamental importância nos séculos XV e XVI, imprescindível para condimentar o sabor alimentar do gado abatido e conservado em sal e que – principalmente na época do seu comércio terrestre, via mercadores de Veneza – atingia preços elevadíssimos na Europa).

Bibliografia consultada

– “A Viagem do Descobrimento – A Expedição de Cabral e o Achamento do Brasil”, de Eduardo Bueno, Editora Pergaminho, 2000
– “Descobrimentos – História e Cultura”, edição da Comissão Nacional Para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1987
– “História de Portugal”, de A. H. de Oliveira Marques, Palas Editores, 1980
– “História de Portugal”, de Jean-François de Labourdette, Publicações D. Quixote, 2003
– “O Império Colonial Português (1415-1825)”, de C. R. Boxer, Edições 70, 1981
– “Portugal – O Pioneiro da Globalização”, de Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas, Edição Centro-Atlântico, Maio de 2007

Militar (1520 – Cascais, 2 de Agosto de 1580). Serviu no Oriente, tendo sido governador da Índia de 1577 a 1578. No ano seguinte, regressou a Portugal para se tornar capitão-mor do Alentejo. Chefe das tropas de D. António, prior do Crato, com reduzidas forças opôs-se, em Cascais, ao exército do duque de Alba. Obrigado a render-se a 2 de Agosto de 1580, sem processo formado, foi decapitado em praça pública.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

D. João II, o “Príncipe Perfeito” – cujo reinado atravessaria o período de 1481 a 1495 – daria o decisivo impulso final para os Descobrimentos.

Ainda como príncipe – e enquanto regente, durante as ausências de D. Afonso V, nas campanhas de Marrocos e no conflito de sucessão do trono de Castela –, já desde 1475 (expirado o contrato com Fernão Gomes), contando então 20 anos, lhe fora atribuída a responsabilidade pela direcção e desenvolvimento deste grandioso empreendimento, que se assumiria então, definitivamente, como a ambição de contornar a extremidade sul de África e chegar à Índia.

Fora já D. João, um entusiástico imperialista, a negociar as pazes com Isabel I (na sequência do conflito de 1474-1479), dando origem ao Tratado de Alcáçovas (1479) – ratificado em Toledo em 1480 – pelo qual era instituída uma primeira linha divisória, horizontal, definindo a zona de expansão portuguesa, a sul do Cabo Bojador e das Canárias, ilhas cuja posse era, definitivamente, conferida a Castela.

De imediato, o regente instituiria, por carta régia de Abril de 1480 – reconhecida pelo Papa –, um novo regime marítimo, o “Mare Clausum”, que vigoraria durante cerca de 150 anos.

Bibliografia consultada

– “A Viagem do Descobrimento – A Expedição de Cabral e o Achamento do Brasil”, de Eduardo Bueno, Editora Pergaminho, 2000
– “Descobrimentos – História e Cultura”, edição da Comissão Nacional Para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1987
– “História de Portugal”, de A. H. de Oliveira Marques, Palas Editores, 1980
– “História de Portugal”, de Jean-François de Labourdette, Publicações D. Quixote, 2003
– “O Império Colonial Português (1415-1825)”, de C. R. Boxer, Edições 70, 1981
– “Portugal – O Pioneiro da Globalização”, de Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas, Edição Centro-Atlântico, Maio de 2007

Militar (século XVII), desempenhou também altos cargos ao nível da administração ultramarina. Ocupava as funções de vice-rei da Índia (1639-1640) quando se deu a Restauração. Aderiu prontamente à nova situação em Portugal e, quando regressou, D. João IV designou-o general da Armada e membro dos conselhos de Estado e da Guerra. Em 1647, recebeu o título de conde de Vila Pouca de Aguiar e tornou-se governador e capitão-general do Brasil. Satisfeito com os serviços prestados pelo conde à Coroa portuguesa, D. João IV quis elevá-lo a marquês, mas tal não viria a suceder, devido à morte do monarca.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Em 1470, Soeiro da Costa exploraria a zona de costa entre o Cabo Mensurado (na actual Libéria) e o Cabo das Três Pontas (no actual Gana).

Seguiu-se, em 1472, a descoberta do arquipélago de São Tomé e Príncipe; e, no ano seguinte, da ilha de Fernando Pó (descoberta pelo navegador que lhe daria o nome). Viriam a constituir as primeiras colónias na África Equatorial, no Golfo da Guiné, ao largo da costa do actual Gabão.

Seriam os navegadores de Fernão Gomes os primeiros a cruzar a linha do Equador, tendo chegado, em 1475, à ponta de Santa Catarina (localizada a 2º sul de latitude, correspondendo ao actual Porto Gentil, no Gabão)… não obstante tenham passado também pelo equívoco de, ao dobrar o Cabo das Palmas (na actual Libéria), terem pensado completar o contorno da extremidade sul africana.

Em 1476, Afonso V era derrotado pelos castelhanos em Toro, enquanto D. João repelia a invasão castelhana de Portugal.

Nessa altura, registam-se também expedições de Castela à costa da Guiné, mas que não seriam bem sucedidas, optando os reis católicos por se focalizarem na plataforma das Canárias, virando-se ainda para a costa marroquina, começando também a comerciar com a Mauritânia.

Bibliografia consultada

– “A Viagem do Descobrimento – A Expedição de Cabral e o Achamento do Brasil”, de Eduardo Bueno, Editora Pergaminho, 2000
– “Descobrimentos – História e Cultura”, edição da Comissão Nacional Para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1987
– “História de Portugal”, de A. H. de Oliveira Marques, Palas Editores, 1980
– “História de Portugal”, de Jean-François de Labourdette, Publicações D. Quixote, 2003
– “O Império Colonial Português (1415-1825)”, de C. R. Boxer, Edições 70, 1981
– “Portugal – O Pioneiro da Globalização”, de Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas, Edição Centro-Atlântico, Maio de 2007

Realiza-se amanhã (dia 29), pelas 19 horas, no Instituto Franco-Português (Avenida Luis Bivar, 91), em Lisboa, a propósito do lançamento da obra “Voyage de Magellan. La relation de Pigafetta & autres témoignages (1519-1522)”, uma conferência-debate, acompanhada de projecção de documentos e animada por Michel Chandeigne, Luís Filipe Thomaz, Jocelyne Hamon e José Manuel Garcia.

“Voyage de Magellan é uma obra que reúne, pela primeira vez no mundo, o conjunto das fontes narrativas e cartográficas directas, sobre esta primeira volta ao mundo que foi a mais fascinante das viagens marítimas. Um aparelho crítico muito completo faz dela, para além disso, uma referência sobre o assunto. Rectificando uma série de erros e ideias falsas que, invariavelmente, circulavam sobre o navegador e a sua viagem, ela agrega, sintetiza e pondera as diversas interpretações de grandes enigmas desta expedição (origens de Magalhães, natureza do projecto, causas do motim, morte do navegador, número de mortos e sobreviventes). Além disso, sobre vários e numerosos pontos (composição da tripulação, deserção do San Antonio, travessia do Pacífico, escala em Palawan, identificação de topónimos, de plantas e de animais), ela acrescenta elementos, inéditos até então, que oferecem por vezes uma nova leitura dos acontecimentos. Este livro aparece na mesma altura que A viagem de Fernão de Magalhães e os Portugueses (Presença, 2007) de José Manuel Garcia) que, por seu turno, reúne as fontes portuguesas directas e indirectas.”

Arcebispo (Lisboa, 25 de Janeiro de 1559 – Madrid, 3 de Maio de 1617), em 1574, fez-se eremita de Santo Agostinho. Em 1594, tornou-se arcebispo de Goa e foi o primeiro a ter o título de primaz do Oriente (1606). Na ausência do vice-rei passou a vice-rei da Índia, de 1607 a 1609. Transferido, em 1611, para a Sé de Braga, veio a ser capelão-mor, vice-rei de Portugal e presidente do conselho. Publicou Sínodo Diocesano da Igreja e Bispado de Angamale (1606).

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Com D. Afonso V, o “Africano” – não obstante nova bula papal, de 1455, concedendo a Portugal o monopólio de toda a navegação e comércio na costa africana a sul do Bojador – verifica-se uma inflexão de política, centrando-se as atenções na África Árabe, com nova insistência nas investidas marroquinas, com o ataque e conquista, em 1458, de Alcácer-Ceguer (cidade fortificada, em Marrocos), ainda com a participação do Infante D. Henrique; nova tentativa, mais uma vez fracassada, em 1464, de tomada de Tânger; e, ainda em 1471, outra expedição a Marrocos, liderada pelo próprio rei, com a conquista de Arzila, ocupação de Tânger e de Larache.

O desenvolvimento das explorações marítimas seria então assegurado – a partir de 1469 – pela concessão ao mercador Fernão Gomes, atribuindo-lhe o direito exclusivo a navegar e comerciar no litoral africano, em contrapartida da descoberta de 100 léguas por ano, num período de 6 anos, e do pagamento de uma taxa anual de 300 mil reais.

Bibliografia consultada

– “A Viagem do Descobrimento – A Expedição de Cabral e o Achamento do Brasil”, de Eduardo Bueno, Editora Pergaminho, 2000
– “Descobrimentos – História e Cultura”, edição da Comissão Nacional Para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1987
– “História de Portugal”, de A. H. de Oliveira Marques, Palas Editores, 1980
– “História de Portugal”, de Jean-François de Labourdette, Publicações D. Quixote, 2003
– “O Império Colonial Português (1415-1825)”, de C. R. Boxer, Edições 70, 1981
– “Portugal – O Pioneiro da Globalização”, de Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas, Edição Centro-Atlântico, Maio de 2007

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