Fevereiro 2008


Jesuíta e primeiro bispo do Japão (Funchal, 1534? – Moçambique, 1588). Membro da Companhia de Jesus desde 1550, foi professor no Colégio das Artes em Coimbra. Tornado confessor da infanta D. Maria, neta de D. Manuel, acompanhou-a quando ela, em 1565, foi para Itália a fim de casar com Alexandre Farnésio, duque de Parma. Era superior provincial quando se tornou bispo do Japão, em 1588. Faleceu a caminho da sua diocese.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Segunda Parte
Mar Português

IX
Ascensão de Vasco da Gama

Os deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,
Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-o, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rasto ruge em nuvens e clarões.

Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.

X
Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(”Mensagem”, Fernando Pessoa – via http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/pessoa/mensagem.html)

Pertenceu este título a duas famílias: a dos Castros e a dos Calados. Foi primeiro titular da primeira família D. Álvaro de Castro, falecido na tomada de Arzila em 1471. Muito ligado e leal ao rei D. Afonso V, de quem foi camareiro-mor, desempenhou o cargo de fronteiro-mor de Lisboa e foi alcaide-mor da Covilhã. Obteve o título por carta de 25 de Maio de 1460, assinada por D. Afonso V. Foi segundo conde D. João de Castro, que faleceu em 1496. Sucedeu a seu pai nos bens, títulos e cargos, exceptuando o de alcaidaria da Covilhã, entregue a um irmão. Notabilizou-se na batalha de Toro, liderando a retaguarda dos exércitos portugueses. O título foi-lhe concedido por D. Afonso V no dia da morte do pai, a 24 de Agosto de 1471. Foi terceiro conde D. Pedro de Castro, falecido em 1529. Foi também fronteiro-mor de Lisboa e vedor da Fazenda tanto de D. Manuel I como de D. João III. Este último monarca o fez conde a 19 de Agosto de 1528. Foi quarto conde D. António de Castro, falecido em 1602, neto do terceiro titular. Foi alcaide-mor de Lisboa e um bravo combatente, tendo sido preso na sequência da Batalha de Alcácer-Quibir. De regresso ao reino nunca quis servir sob as ordens de Filipe I, embora tenha sido este monarca a conceder-lhe o título, por carta de 23 de Outubro de 1582.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Segunda Parte
Mar Português

V
Epitáfio de Bartolomeu Dias

Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.

VI
Os Colombos

Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.

Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.

(”Mensagem”, Fernando Pessoa – via http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/pessoa/mensagem.html)

Médico alemão (Feldkresh, ? – Nuremberga, 1508). Formado (1478) pela Universidade de Pavia, exerceu medicina em Nuremberga, onde se manteve até 1484, regressando então a Itália para escapar à peste que grassava naquela cidade alemã. Gozando já de grande prestígio – ao qual não terá sido alheio o facto de o imperador Maximiliano da Áustria o ter em grande conta –, em 1494 visitou Sevilha, seguindo depois para Évora, onde foi recebido por D. João II. Desta viagem resultou um itinerário (Itinerarium sive peregrinatio excellentissimi viri artium ac tisque medecinae Doctoris Hieronimi Monetarii de Fett Kirsschen civis Nurembergensis), ao qual juntou um apêndice sobre a actividade dos portugueses na costa de África. Esta descrição terá sido provavelmente baseada nas narrativas de um autor português desconhecido e completadas com as informações que obteve durante a visita a Portugal.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Segunda Parte
Mar Português

IV
O Mostrengo

O mostrengo que está no fundo do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: “Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?”
E o homem do leme disse, tremendo:
“El-Rei D. João Segundo!”

“De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?”
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
“Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?”
E o homem do leme tremeu, e disse:
“El-Rei D. João Segundo!”

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
“Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”

(”Mensagem”, Fernando Pessoa – via http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/pessoa/mensagem.html)

Amigo dos portugueses (séculos XV-XVI). Em Orão entrou em contacto com os mercadores portugueses. Encontrava-se em Calecute quando ali aportou Vasco da Gama, em 1498. Forneceu aos navegadores portugueses informações valiosas e com eles veio para Portugal, onde se fez cristão.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Segunda Parte
Mar Português

III
Padrão

O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.

(”Mensagem”, Fernando Pessoa – via http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/pessoa/mensagem.html)

E ao outro dia fomos nosso caminho, e andámos seis dias pelo mar, porque às noites pairávamos.

(via “História e Antologia da Literatura Portuguesa – Século XVI – Literatura de Viagens – II” – Fundação Calouste Gulbenkian, Boletim nº 23, Dezembro de 2002 – a partir de “Relação da Primeira Viagem de Vasco da Gama (1497-1499)”, introd. e notas de Luís de Albuquerque, Lisboa, CNCDP/ME, 1989)

Foi primeiro conde Henrique de Sousa Tavares, alcaide-mor de Arronches e um dos nobres que seguiram D. Sebastião na campanha de África, tendo sido preso após o desastroso combate de Alcácer-Quibir. O título foi-lhe concedido por Filipe II, através de carta datada de 21 de Março de 1611.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

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