Vivemos 500 anos de uma história comum, que serviram para sedimentar uma relação singular, repleta de ricos episódios. Para citar um deles, ainda dos primórdios da vida do Brasil, lembremos a luta que uniu as três principais raças formadoras da cultura brasileira contra a invasão holandesa, na primeira metade do século XVII: portugueses, índios e negros combateram juntos, construindo, assim, os primeiros fundamentos, aí sim, da nacionalidade brasileira e da defesa do território nacional.
As relações entre Brasil e Portugal são tão estreitas que ensejam mesmo curiosos paradoxos. Paradoxos aparentes, na verdade. A independência do Brasil foi proclamada por D. Pedro I, príncipe português, que veio a constituir-se em um dos mais expressivos traços de união entre as nações que separou politicamente em 1822.
Antecede a nossa independência um outro facto, que a ela se encadeia historicamente e que guarda uma correlação simbólica e estreita com o momento que vivemos nesta Assembleia: o Brasil foi representado por Deputados de suas províncias na Constituinte portuguesa de 1821, que marcou o fim do absolutismo monárquico.
Reunidos nas Cortes gerais e Constituintes Extraordinárias da Nação Portuguesa, portugueses e brasileiros ajudaram a forjar a Constituição que primeiro instituiu o sistema representativo no reino português.
“As Comemorações dos 500 Anos do Achamento do Brasil na Assembleia da República”, intervenção do Presidente do Congresso Nacional da República Federativa do Brasil, António Carlos Magalhães, na sessão solene comemorativa dos 500 anos do achamento do Brasil e de boas-vindas ao Presidente do Congresso Nacional da República Federativa do Brasil, 16 de Maio de 2000, edição da Assembleia da República, 2000, pp. 85 a 90
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