Protagonistas – Brasil


Patriota brasileiro (Minas Gerais, 1746 – Rio de Janeiro, 21 de Abril de 1792), conhecido por Tiradentes, uma alcunha que lhe foi atribuída pela sua actividade de dentista. Foi líder do movimento pela independência do Brasil, que ficaria conhecida como Inconfidência Mineira. Depois da morte dos pais, ainda criança, foi criado pelo padrinho, um cirurgião, e com ele aprendeu algumas noções de Medicina, acabando por se tornar dentista. Para além de dentista, era conhecida a sua grande apetência para a mineração e também para a hidráulica, tendo criado projectos de abastecimento de água para o Rio de Janeiro. Em 1781, entrou para o Regimento dos Dragões de Minas Gerais. No entanto, sem raízes na aristocracia local, não conseguiu passar do posto de alferes. Mesmo assim, nunca abandonou o sonho de se tornar um homem rico, com prestígio social. Devido ao seu carisma, teve oportunidade de privar com pessoas que o colocaram ao corrente do processo da independência dos Estados Unidos e dos problemas que existiam no seu país. Habituado a conversas que giravam à volta da emancipação do Brasil, dedicou grande parte dos seus dias a fazer propaganda destinada a todos os que tinham queixas contra a administração portuguesa. Descoberta a Conjura Mineira, em Março de 1789, foi preso, tendo sido condenado à morte. O corpo foi esquartejado, os membros espalhados pelos caminhos e a cabeça exposta em Vila Rica.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Herói da libertação de Pernambuco (Funchal?, 1613? – Olinda, 10 de Janeiro de 1681). Foi muito jovem para Pernambuco (Brasil), para trabalhar no comércio da cidade de Recife. Em 1630, aquando da vitória dos holandeses, foi um dos que teve de pagar resgate ao invasor. Prosseguiu depois a actividade comercial, tornando-se em poucos anos um dos mais ricos homens da região. De 1645 a 1654 revelou-se o grande impulsionador do movimento da restauração pernambucana que acabou por expulsar os holandeses. Tornou-se depois governador da Paraíba, capitão-general de Angola e, por fim, superintendente das fortificações entre Alagoas e o Maranhão.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Orador e escritor jesuíta (Lisboa, 6 de Fevereiro de 1608 – Baía a 18 de Julho de 1697). Primogénito de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo, embarcou para o Brasil quando contava seis anos, depois de o seu pai ser nomeado para o cargo de escrivão na Relação da Baía. Matricularam-no no Colégio dos Jesuítas. Aos 15 anos, descobriu a vocação religiosa e deu entrada na Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote em 1635, não tardou a dar mostras de uma percepção excepcional para os problemas sociais e de uma grande facilidade para a retórica e para a escrita. Entre os seus textos imortais destacam-se, por exemplo, o Sermão da Sexagésima e o Sermão de Santo António aos Peixes […]. Estas duas obras constituem apenas dois exemplos que sustentam a forma como Fernando Pessoa o recordou: “imperador da língua portuguesa”. Porém, a vida do pregador foi muito para além dos púlpitos. Ficou marcada, por exemplo, por uma intensa actividade diplomática. Apoiou de forma incondicional o movimento da Restauração. Durante a sua primeira estada em Portugal (1641-1652), após ter sido nomeado pregador da corte, foi incumbido de missões políticas em França, Holanda e Itália. Falecido D. João IV, o orador não tardou a cair em desgraça. Preso e perseguido pela Inquisição, apenas veio a libertar-se do Santo Ofício pela sua própria acção, em Roma (1669-1675), obtendo um salvo-conduto do próprio papa. Regressou a Lisboa, onde, quatro anos mais tarde, foi publicado o primeiro volume dos Sermões. Mas, o chamamento do Brasil era irresistível. Em 1681, reatou a actividade sacerdotal em Terras de Vera Cruz. Trabalhou arduamente e utilizou a eloquência para defender a libertação dos índios, o que lhe valeu violentas reacções por parte dos colonos. Durante três anos, exerceu funções de visitador do Brasil. Passou os últimos dias no “seu” Brasil, na Quinta do Tanque (Baía). Entre os diversos escritos que deixou, destaque ainda para Livro Anteprimeiro da História do Futuro (1718) e Defesa Perante o Tribunal do Santo Ofício (1957).

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Bandeirante (Parnaíba, São Paulo, ? – 1703?). Foi um dos mais famosos participantes nas bandeiras que percorreram o Nordeste brasileiro no apresamento de indígenas. Encontrava-se naquela região quando, por volta de 1670, foi contratado pelo proprietário Francisco Garcia de Ávila para explorar a zona de São Francisco. Entre 1674 e 1680, acompanhou Domingos Afonso, conhecido como Sertão, numa expedição ao Piauí, percorrendo depois o Maranhão e o Ceará, viagem essa que daria origem à colonização daquelas regiões. Em 1685, foi contratado pelo governador de Pernambuco para exterminar o quilombo de Palmares, um grupo de negros fugidos, mas só mais tarde, em 1692, iniciaria a guerra contra aqueles escravos, que acabou por vencer ao fim de dois anos. Chegou a criar gado numa fazenda em Pernambuco, fundando o arraial de Sobrado.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Poeta, político e jornalista (Rio de Janeiro, 8 de Outubro de 1799 – Rio de Janeiro, 12 de Maio de 1837). Filho de um professor primário português, tinha origens humildes e foi um autodidacta. Foi o principal divulgador do liberalismo no Brasil, entre 1826 e 1830. A costela portuguesa, que sempre o acompanhou, fê-lo vibrar com a Revolução Liberal de 1820 em Portugal. De qualquer modo, tudo fez para que não houvesse influência portuguesa no Brasil independente. A sua acção contribuiu para que, a 7 de Abril de 1831, D. Pedro I abdicasse, em favor do seu filho Pedro.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Cronista (Porto, 1596? – Rio Janeiro, 29 de Setembro de 1671). Foi muito novo para o Brasil, onde se fez jesuíta em 1615. Foi professor de Humanidades, Teologia Escolástica e Moral. Depressa alcançou prestígio e, aquando da Restauração – na época secretário dos jesuítas da Baía –, teve a honra de se deslocar a Portugal, com o Padre António Vieira, para prestar homenagem a D. João IV. Superior provincial entre 1655 e 1658, iniciou a construção da igreja do Colégio da Baía (posteriormente, passou a catedral). Entre as suas obras sobressai a Crónica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil (1663), que, no seu género, é fundamental para a historiografia portuguesa do século XVII.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Militar (século XVII). Em 1625, partiu para o Brasil na frota que estava incumbida de libertar a capital brasileira da ocupação holandesa. Ficou em Terras de Vera Cruz até 1641, onde prontamente aclamou D. João IV como monarca de Portugal restaurado. Voltou ao Reino e foi nomeado mestre-de-campo-general adjunto ao comandante das forças no Alentejo, o conde de Óbidos. Decidiram-se pelo cerco a Badajoz, mas tiveram de retirar, devido à falta de tropas suficientes. Decisão que não agradou ao monarca, pelo que foram destituídos de funções e encarcerados. Porém, pouco depois, Vasconcelos foi designado membro do Conselho de Guerra. Teve ainda papel de destaque no comando de operações nas guerras da Restauração., no Alentejo e em Trás-os-Montes. Por mais do que uma vez, a sua prestação foi controversa, pelo que foi destituído.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Fundador, no Brasil, da França Equinocial (1570-1631), foi senhor de La Ravardière. Oficial da Marinha, atingiu o Maranhão em 1612, onde fundou o Forte de S. Luís que veio a ser a capital da “Nova França”. A partir de 1614, foi atacado por luso-brasileiros, sendo derrotado e obrigado a render-se em 1615, numa altura em que os invasores foram expulsos.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Foi primeiro conde D. Fernando de Mascarenhas, cuja data de nascimento não se conhece com precisão, tendo falecido em 1651. Foi capitão-general de Ceuta e de Tânger. Em 1638 o conde-duque de Olivares incumbiu-o de comandar a esquadra e o exército que seguiram para o Brasil em socorros dos domínios portugueses que então estavam a ser atacados pelos holandeses. Não teve sucesso no combate travado em Janeiro de 1640 ao largo de Pernambuco, que resultou num desastre total, e os espanhóis, que na altura dominavam Portugal, culparam-no da derrota e prenderam-no no Forte de São Julião da Barra. Ali se encontrava aquando do movimento independentista de 1 de Dezembro desse mesmo ano e foi o próprio conde quem negociou com o governador espanhol a rendição deste, o que apenas aconteceu a 12 de Dezembro. O título foi-lhe concedido por Filipe III, através de carta datada de 26 de Julho de 1638.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Explorador (Cantanhede, ? – 1641). No Brasil desde 1607, lutou contra os invasores franceses e holandeses, distinguindo-se pela intervenção dinâmica na política de implantação da soberania portuguesa. Em 1637 partiu no comando de uma expedição composta por mais de dois milhares de homens, que partiu da foz do rio Amazonas, conseguindo atingir Quito por terra. Durante a viagem, que se revelou de fulcral importância para a penetração portuguesa na região, fundou uma pequena povoação, a Franciscana (actual Tabatinga), que passou a ser a divisão entre os territórios português e espanhol na região amazónica. Terminada a empreitada em 1639, foi recebido com aplausos da população, sendo recompensado pelo feito com a nomeação para capitão-mor de Grão Pará.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

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