VII – Obras de divulgação, gerais e juvenis
Na secção final, juntam-se os trabalhos, num total de 79, que, em rigor, deveriam estar autonomizados em várias categorias. Em primeiro lugar, constam obras de divulgação sobre a vida e os feitos de Vasco da Gama, escritos em prosa simples ou romanceada e sem preocupações de erudição ou mesmo, em muitos casos, de rigor histórico. As obras de Étienne Micard, Luigi Rinaldi, Mário Viana e Elaine Sanceau (mau-grado o aparato crítico elementar) enquadram-se nesta categoria. De igual modo pode ser encarado o opúsculo de Joel Mota, cujo maior interesse é a cronologia de “descobrimentos, conquistas e expedições”, abarcando o período entre 1415 e 1930. Também obras gerais sobre os grandes nomes da Era dos Descobrimentos incluem inevitavelmente o nome do Gama, que surge muitas vezes ofuscado por Cristóvão Colombo, a quem se concede geralmente o maior destaque. Isto pode ser constatado tanto em obras recentes como, sobretudo, em trabalhos mais antigos, como o de Émile Deschnel, que apesar da paridade do título (Christophe Colomb et Vasco da Gama) apenas concede as 12 páginas finais ao navegador português.
Um outro tipo de trabalhos foi igualmente remetido para esta secção, por abordar a figura ou as viagens do Gama como mote para outros temas, que constituem o cerne das obras. Incluem-se aqui os livros de Sydney Welch e Genesta Hamilton: o primeiro interessa-se particularmente pelas relações dos Portugueses com a Etiópia e o segundo trata da presença portuguesa na costa oriental africana até ao século XVIII.
A ligação de Vasco da Gama a diversas localidades de Portugal, sobretudo Sines, é igualmente alvo de diversos trabalhos, sendo um dos mais importantes a monografia da terra natal do navegador elaborada por Arnaldo Soledade. Ilustrada e romanceada, utilizando tanto os dados históricos com a tradição, a obra dedica cerca de 20 páginas a Vasco da Gama, não escapando a uma descrição romântica da sua infância e juventude.
Destaca-se ainda um caso deveras peculiar: o trabalho de Francis Lefebvre, designado por Expériences initiatiques. Trata-se de uma obra de ocultismo, que mistura yoga com o misticismo religioso cristão, contendo o terceiro volume um capítulo dedicado a Vasco da Gama, provavelmente por ter sido o homem que pela primeira vez colocou em comunicação directa a Europa e a Índia.
Elaine Sanceau é autora de uma célebre colecção juvenil (“Quer saber?”) dedicada aos Descobrimentos, que não podia deixar de incluir um volume dedicado a Vasco da Gama. A obra (A viagem de Vasco da Gama) já vai na 7ª edição, marcando um sucesso só comparável, talvez, à colecção “História Júnior”, de António do Carmo Reis e José Garcês. A Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses lançou recentemente a colecção Na Crista da Onda, para um escalão etário ainda mais jovem. No que toca a banda desenhada, o panorama é lamentavelmente pobre. Paulo Alexandre Loução inclui uma pequena biografia do navegador em quadradinhos, mas o tom nacionalista da obra em nada favorece o trabalho. Ficamo-nos, assim, pelo álbum dos irmãos Santos, Fernando e Carlos, que já mereceu, aliás, alguns comentários de Sanjay Subrahmanyam. A história é razoavelmente bem contada, o grafismo é agradável e a adequação à época, se excluirmos as imagens estereotipadas de africanos e asiáticos e alguns engulhos (como a bandeira de D. Pedro IV numa das naus), é aceitável.
Paulo Jorge de Sousa Pinto e Ana Fernandes Pinto. “Vasco da Gama na História e na Literatura – Ensaio Bibliográfico” In Mare Liberum, nº 16, Dezembro 1998, Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, pp. 135-174
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