Janeiro 2007


Selo Vasco Gama - 1969

(via http://www.geocities.com/martinsbarata/selos/selos.htm)

Cardeal D. Henrique

D. Henrique, “O Casto” (Lisboa, 31 de Janeiro de 1512 – Almeirim, 31 de Janeiro de 1580), 17º Rei de Portugal, entre Agosto de 1578 e Janeiro de 1580.

Era filho de D. Manuel I (oitavo da sua vasta prole) e da sua segunda mulher, D. Maria de Castela, sendo irmão mais novo de D. João III.

Desde cedo orientado para a vida eclesiástica (via tradicional de posicionamento de filhos segundos de casas aristocráticas), a sua formação – seguindo os parâmetros de um infante da casa real – ficou a cargo de reputados preceptores como Aires Barbosa, André de Resende e Gaspar Moreira, tendo também tido como educador Pedro Nunes.

Seria nomeado arcebispo de Braga com apenas 21 anos, apenas se tornando pleno titular aos 27 anos. Foi ainda arcebispo de Évora (desde 1540, na sequência do falecimento do irmão Cardeal D. Afonso) e Lisboa (em 1564), tendo sido já entretanto nomeado Cardeal em 1545, vindo a ser inclusivamente proposto como pretendente ao trono pontifício.

Numa época em que a Inquisição se estabelecera em Portugal, o Cardeal D. Henrique fora também, em 1539, nomeado inquisidor-mor do Reino.

Após a morte do irmão (D. João III) – em 1557 -, viria a ser também designado Regente em 1562 (substituindo a cunhada, D. Catarina da Áustria), até que D. Sebastião atingisse a maioridade (14 anos), em 1568. 

Discordando dos projectos de D. Sebastião (seu “sobrinho-neto”) em relação a África (com uma primeira expedição em 1574 e uma outra expedição projectada em 1576, ainda antes do desastre de 1578), optaria então por se recolher à vida religiosa, afastando-se da vida da Corte, refugiando-se em Évora, onde assumira papel de mecenas, aí tendo criado (já em 1559) a Universidade, à guarda dos Jesuítas (que se empenhara em trazer para Portugal), acolhendo nomes como Pedro Nunes, André de Resende, António Barbosa, ou Nicolau Clenardo, entre outros.

Em 1578, aquando da partida do rei D. Sebastião, começaria por rejeitar assumir novamente o cargo de Regente, retirando-se para o Mosteiro de Alcobaça. Com o conhecimento da notícia do desastre de Alcácer Quibir, seria confrontado com a assumpção do governo do Reino, tornando-se Rei de Portugal, renunciando ao seu cargo clerical e solicitando ao Papa que o libertasse dos votos, de forma a poder casar e gerar descendência, o que viria a ser recusado por Gregório XIII.

Deparar-se-ia com uma nação em crise, com grandes problemas sociais, carecendo de reformas que a idade do Cardeal não permitiria levar a cabo.

Em 1580, nas Cortes de Almeirim (iniciadas a 11 de Janeiro), viria a indicar D. Catarina e Filipe II de Espanha como os candidatos à sua sucessão. Menos de três semanas depois, falecia o Cardeal D. Henrique – assim finalizando a Dinastia de Aviz. Inicialmente sepultado em Almeirim, o seu corpo viria a ser transladado para o Mosteiro dos Jerónimos um século depois, onde jaz próximo do de S. Sebastião.

Figura proeminente da aristocracia portuguesa e da vida religiosa, protagonista da vida cultural, estadista e Rei numa época particularmente sensível, deixava o Reino – sem designar sucessor – entregue a uma Junta de cinco governadores: o arcebispo de Lisboa D. Jorge de Almeida, D. João Telo, D. Francisco de Sá Meneses, D. Diogo Lopes de Sousa e D. João de Mascarenhas.

Não obstante o povo ter aclamado D. António, Prior do Crato como novo Rei (em Santarém, em Junho de 1580), o seu primo Filipe II, começando por invadir o Alentejo, viria a assumir o trono português, sendo eleito com a promessa de que o Reino de Portugal não se tornaria uma província de Espanha.

(Imagem via Wikipédia)

Bibliografia consultada

“História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004

– “D. Henrique”, por Amélia Polónia, colecção Reis de Portugal, edição do Círculo de Leitores, em colaboração com o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, 2005

Diogo Lopes de Siqueira governador

Anno de 1518

O governador Diogo Lopez de Siqueira capitão-mor partio a vinta sete de Março. Capitães: Dom Garcia Coutinho, Rui de Mello Punho, Dom Aires da Gama, Garçia de Sá, Sancho de Tovar, Loppo Cabreira, Pero Paulo, Dom João de Lima, e João Gomes Cheiradinheiro.

Destas dez naos voltarão seis ao Reino com cargua e as quatro ficarão na India.


Na paragem do Cabo da Boa Esperança hum peixe deu huma encontrada na náo de D. João de Lima, que cuidarão alguns no estremecer que ella fez, que dera em algum penedo, e acudindo logo à bomba, parecendo que a náo devia fazer agoa, acharão que nam fazia mais que a ordinaria, e dando depois em Cochim pendor à náo acharam-lhe metido no costado hum focinho de peixe que seria do comprimento de dous palmos e meio agudo na ponta, preto e duro à maneira de corno das alimarias a que os gregos <chamam> rhenóceros e os indios ganda, somente tinha este peixe huma differença, que a crespidam de sua superficie era à maneira de groza de ferro tam dura que o limava, como faz huma lima de dura tempera.

(Leitura e anotações de Maria Hermínia Maldonado, obra publicada pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1985)

Toda a gente que vem à igreja há-de comungar cada dia ou não vir à igreja. E acabada a comunhão lhes dão uma pouca de água benta com que lavam a boca.

Nenhuma pessoa se senta na igreja nem entram caçados nem escarram nem cospem nem deixam entrar nenhum cão nem outra alimária na igreja e confessam-se em pé e assim recebem absolvição. E nas igrejas dos cónegos assim rezam como na dos frades; os frades não casam, cónegos e clérigos sim. E quando vivem juntamente, os cónegos em circuito, comem em suas casas e os frades em comunidade e os maiorais destas igrejas se chamam licacanate e as mulheres dos cónegos têm casas fora do circuito onde eles vão estar com elas. E o filho do cónego fica cónego e do clérigo não, senão se depois se quer fazer. Não se paga dízima a nenhuma igreja, vivem das grandes propriedades que as igrejas e mosteiros têm. Demandas dos clérigos tratam-se perante a justiça secular.

A vestimenta é feita como camisa e a estola furada pelo meio e metida pela cabeça; não há aí manípulo nem amito nem cinta. Clérigos e frades todos trazem as cabeças rapadas e as barbas não. Os frades dizem a missa com o capelo na cabeça e os clérigos com a cabeça descoberta.

Em nenhuma igreja não se diz mais de uma missa e não se diz missa de esmola nem por mortos; quando se fina alguma pessoa, vêm os clérigos com cruz e água benta e incenso e rezam-lhe certas orações, levam-no a enterrar muito depressa, ao outro dia levam ofertas. Os adros todos são cerrados, que nenhuma coisa entra em eles.

(via “História e Antologia da Literatura Portuguesa – Século XVI – Literatura de Viagens – II” – Fundação Calouste Gulbenkian, Boletim nº 23, Dezembro de 2002 – a partir de “Verdadeira Informação sobre a Terra do Preste João das Índias”, Dir. Luís de Albuquerque, Vols. I e II, Lisboa, Alfa, 1989)

Selo Vasco Gama - 1969

(via http://www.geocities.com/martinsbarata/selos/selos.htm)

Piloto (século XV). Considerado um dos pilotos mais experientes da sua época, terá sido por isso mesmo que D. João II o escolheu, em 1487, para pilotar o navio-chefe da Armada de Bartolomeu Dias que dobrou o Cabo da Boa Esperança, em 1488. Mais tarde, pilotou a nau São Gabriel, a bordo da qual Vasco da Gama abriu o caminho marítimo para a Índia (1498).

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

Antonio de Saldanha capitam-mór

Anno de 1517

Antonio de Saldanha capitão-moor de çinco naos, partio a nove de Abril. Capitães: Manoel de Laçerda, Pero Quaresma, Dom Tristão de Menezes, Raphael Cataneo genoves. Após estas naos partirão outras tres de que era capitão-mor Fernão de Alcaçeva. Capitães João de Torres, Alonso Henrriques.

Neste anno se alevantou Belaçem mouro malavar com quatorze paros, e foi o primeiro cossairo que ouve na India depois do descobrimento dos Portuguezes.

Este anno fez o governador Lopo Soares a fortaleza de Columbo na Ilha de Seilão, a que pos o nome Nossa Senhora das Virtudes: primeiro capitão Dom João da Silveira.

E neste mesmo anno de 1518 foi Fernão Peres de Andrade com armada à China, a primeira que lá passou de portugueses, e levou nella o embaixador que lá ficou com cartas, e presentes para ElRei.

E neste tempo se fundou o Convento de S. Francisco de Goa, onde oje permaneçe, e foi o primeiro que ouve naquella cidade.

(Leitura e anotações de Maria Hermínia Maldonado, obra publicada pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1985)

O Preste João se chama acegue, que quer dizer imperador, e se chama negus, que quer dizer rei.

Não há maneira de física, somente põem fogo; em alguma doença põem ventosas sem fogo e para dor da cabeça sangram na testa com uma faca posta na veia e dão-lhe com um pau em cima para que tire sangue e porém tomam algumas ervas em beberagem para saírem.

Em toda a terra não há lugar que passe de mil e seiscentos vizinhos e destes poucos e nenhum lugar cercado, nem castelo; aldeias sem conto, as casas comummente ou as demais são redondas e todas térreas cobertas de terrados ou de palha, currais derredor. Dormem o geral em couros de boi, outros em leitos de correias dos mesmos couros, nenhuma maneira de mesa. Comem em umas gamelas chãs como bandejas de mui grande largueza, sem toalhas nem guardanapos. Têm bacios de barro muito preto como azeviche e púcaros do mesmo barro por que bebem água e vinho. Muitos comem carne crua e outros assada nas brasas e outros sobre a lenha e sobre bosta de bois onde não há lenha.

Há aí muita cera e velas e candeias, dela não fazem candeias de sebo; não há aí azeite senão um que chamam hena e é de umas ervas que parecem pampilhos, não sabe a nada e é formoso como ouro. Não há aí pescado senão muito pouco de rios, do mar nenhum.

Não há aí mosteiros senão de Santo Antão e não de nenhuma outra ordem, como dizem alguns frades que de lá vêm.

Fidalgos e religiosos, cónegos e clérigos andam vestidos, a demais da outra gente nus da cinta para cima e uma pele de carneiro pelo ombro atada do pé à mão.

[…]

(via “História e Antologia da Literatura Portuguesa – Século XVI – Literatura de Viagens – II” – Fundação Calouste Gulbenkian, Boletim nº 23, Dezembro de 2002 – a partir de “Verdadeira Informação sobre a Terra do Preste João das Índias”, Dir. Luís de Albuquerque, Vols. I e II, Lisboa, Alfa, 1989)

Selo Diogo Cão

(via http://www.geocities.com/martinsbarata/selos/selos.htm)

Marinheiro (séculos XV – XVI). Foi capitão da nau São Pedro, que fazia parte da Armada que partiu para a Índia a 19 de Abril de 1511, sob o comando de D. Garcia de Noronha. Quando regressou, tomou o comando da Santa Maria da Ajuda, que havia sido a nau capitânia, por altura da partida para o Oriente.

(via “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” (coordenação de José Hermano Saraiva), edição QuidNovi, 2004)

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